POR LAMECK VALENTIM
A vida é um suspiro no infinito, um poema efêmero na vastidão do universo, um instante de luz no eterno mistério do existir.
A vida, essa jornada incerta e cheia de reviravoltas, é algo que muitas vezes só apreciamos de verdade quando estamos à beira de perdê-la. Aos meus 45 anos, me deparei com essa dura lição quando um acidente vascular cerebral (AVC) quase me levou embora, quando tudo o que era familiar e certo desmoronou diante de mim.
O que é vida? É uma pergunta que eu me fiz durante muitas noites solitárias no hospital, enquanto meus pensamentos dançavam entre a linha tênue que separa a existência da inexistência. À medida que minha mente se aprofundava em uma escuridão perturbadora, eu lutava para encontrar respostas que pareciam esquivas e efêmeras.
Antes do AVC, a vida era uma série de compromissos e preocupações diárias, uma rotina que seguia sem questionamentos. Era o trabalho, as responsabilidades, as metas a serem alcançadas. Era o futuro, planejado e seguro. Era, eu pensava, a minha vida.
Mas, quando você está deitado em uma cama de hospital, incapaz de mover seu corpo e à mercê de médicos e enfermeiros, a perspectiva muda drasticamente. Você percebe que a vida é frágil e imprevisível, um presente que pode ser retirado de você num piscar de olhos.
A vida, então, revela-se em detalhes que muitas vezes negligenciamos. É o calor reconfortante da mão de um amigo que segura a sua. É o som tranquilizador da voz de um ente querido que sussurra palavras de encorajamento. É o sol dourado que se infiltra pela janela do quarto do hospital, lembrando-o de que o mundo continua lá fora.
A vida é feita de pessoas. São os sorrisos da família que iluminam seus dias e as lágrimas de alegria de quando você finalmente começa a recuperar o movimento. São os profissionais de saúde que lutam incansavelmente pela sua recuperação, guiando-o por um caminho que, algumas vezes, parece impossível.
A vida também é feita de gratidão. Você percebe que deve gratidão a todos que o cercam, que o apoiam e que o amam. A gratidão se torna a moeda mais valiosa em seu universo, e você a gasta com generosidade em cada gesto de carinho e compreensão.
A vida é uma segunda chance. Quando você escapa por um triz da escuridão, ganha uma nova perspectiva. Tudo o que você achava importante pode ser reavaliado. O tempo se torna um tesouro precioso, e você promete aproveitá-lo ao máximo, apreciando cada momento, cada respiração.
A vida é uma jornada, e cada passo nessa jornada é um presente. O futuro permanece incerto, mas, para mim, a incerteza se tornou uma bênção. Afinal, é nas entrelinhas da incerteza que encontramos a beleza da vida.
Então, o que é vida? É um enigma que continuarei a desvendar a cada novo dia, a cada novo sorriso, a cada novo desafio. É uma dádiva que prometo honrar, valorizar e celebrar, porque, como aprendi, a vida é uma dádiva que não deve ser subestimada.