POR LAMECK VALENTIM
Há algo intrinsecamente humano em nossa constante busca por reconhecimento e valorização. Vivemos em uma sociedade que muitas vezes nos avalia pelo que oferecemos, pelo que entregamos ao mundo. E nesse contexto, surge a dolorosa constatação: "Você só é lembrado enquanto serve."
Quantos de nós já nos sentimos como peças descartáveis em uma engrenagem social que só se importa com nossa presença enquanto somos úteis? É uma reflexão que cutuca a alma, nos fazendo questionar a natureza efêmera e muitas vezes superficial dos laços sociais.
A metáfora da utilidade como critério de apreciação pessoal é como uma lupa, ampliando as frustrações e expondo a vulnerabilidade do ser humano em sua busca por aceitação. No trabalho, na família, nos relacionamentos, somos frequentemente avaliados pelo que entregamos, seja em esforço, tempo, ou simplesmente na capacidade de satisfazer as expectativas alheias.
O ser humano, por vezes, parece ser como uma mercadoria em prateleira, sendo valorizado enquanto novo e útil, mas logo perdendo o brilho quando a novidade se desgasta. A pressão por ser produtivo, eficiente e constantemente útil cria um ciclo que, muitas vezes, nos deixa exaustos e desiludidos.
Entretanto, é importante lembrar que nossa essência vai além da capacidade de servir. Somos seres complexos, cheios de sonhos, emoções e potenciais ainda não explorados. A busca por reconhecimento e apreço não deve nos aprisionar na armadilha da utilidade efêmera, mas sim nos inspirar a buscar relações e ambientes onde somos valorizados por quem somos, independentemente do que podemos oferecer.
É uma caminhada desafiadora, mas a verdadeira realização está em encontrar espaços e pessoas que nos enxergam como seres humanos completos, não apenas como recursos a serem consumidos e descartados. Afinal, a lembrança que perdura não é a do que fizemos, mas sim de quem fomos e como tocamos as vidas ao nosso redor.