POR LAMECK VALENTIM
Aprender a dizer não é como descobrir uma chave perdida há muito tempo esquecida em algum canto da alma. É libertador. É redescobrir o poder de ser dono do próprio tempo e das próprias vontades. No entanto, quantas vezes nos encontramos aprisionados pelos desejos alheios, pelas expectativas que outros depositam sobre nós?
"Não seja escravo das vontades de ninguém", uma frase que ecoa como um lembrete gentil, mas firme. Porque dizer não, não é apenas recusar um pedido ou uma demanda; é afirmar a própria autonomia, é desenhar os limites que definem quem somos e o que valorizamos.
Há uma sabedoria profunda naquele ditado que diz: "Não é necessário dizer tudo o que se pensa, mas é necessário pensar tudo o que se diz." Às vezes, o não mais poderoso que podemos oferecer é aquele que precede o pensamento cuidadoso, o momento de reflexão antes da resposta. É a pausa que nos permite alinhar nossas palavras com nossos princípios e nossos desejos mais profundos. Dizer não aos outros, então, é dizer sim para nós mesmos. É um ato de amor-próprio, um gesto de autenticidade. É dizer sim para o que realmente importa, para nossas prioridades e para o respeito ao nosso próprio tempo e energia.
Mas o discernimento é a chave mestra nesse jogo de escolhas e renúncias. Não é apenas uma alternativa, mas uma prioridade essencial para navegar pelas águas turbulentas das decisões cotidianas. É um luz que nos guia para as escolhas acertadas, aquelas que nos levam mais perto de nossos sonhos e nos afastam das armadilhas do arrependimento. Porque sem discernimento, só resta o sofrimento. A dor de ter dito sim quando deveria ter dito não, o peso das consequências de escolhas feitas no calor do momento, sem o devido cuidado. É como tentar caminhar num terreno desconhecido sem um mapa ou uma bússola; inevitavelmente, nos perdemos.
Que o aprendizado de dizer não seja visto não como uma negação ao mundo, mas como uma celebração do nosso próprio ser. É uma dança delicada entre as vontades próprias e as expectativas externas, onde o equilíbrio é encontrado na firmeza gentil da nossa voz interior. Afinal, aprender a dizer não, não é apenas um ato de coragem; é uma arte de autoconhecimento e de respeito próprio. É descobrir que, ao dizer não ao que nos afasta de nós mesmos, dizemos sim para a verdadeira essência da nossa vida. Então, que em cada não pronunciado ressoe o eco de um sim genuíno, o sim para uma vida vivida com integridade, autenticidade e plenitude.